domingo, 27 de março de 2011

DIA INTERNACIONAL DO TEATRO Pelos palcos tocantinenses

 
Da Redação
Wallissia Albuquerque, Lara Tavares e Ceila Menezes
Palmas, Araguaína e Gurupi




Respeitável público, hoje viemos parabenizar o Dia Internacional do Teatro! Data em que os atores e amantes da arte comemoram as artes cênicas. De acordo com o site Arte.com, foram os gregos que deram o impulso para a popularização da arte, nas festas de consagração ao deus Dionísio, considerado o deus do vinho e da alegria, além de outros deuses envoltos  em sua mitologia. O gênero trágico foi o primeiro aparecer, em que os homens retratavam o sofrimento, as dificuldades e o cotidiano da sociedade da época e somente os homens podiam encenar. Por conta dos excessos das interpretações e pela mesquinharias da época, os gregos satirizavam as pessoas por meio dos personagens mascarados, dando origem a comédia grega, que teve seu ápice no advento da democracia.



Brasil

Segundo o site da Funarte, no Brasil, a arte originou-se no século XVI, com a vinda dos jesuítas, responsáveis pela catequização dos povos indígenas. O teatro era baseado em passagens bíblicas com o misto de rituais dos povos indígenas. Mas foi no século XIX que teatro nacional veio à tona no Brasil com o romantismo. Na época dos regimes militares, do então presidente Getúlio Vargas e o golpe de 1964, o teatro foi silenciado por ser considerado uma arte questionadora. Na década 90 até o dias atuais, o teatro deu grito de independência e volta aos palcos para encantar as plateias seja pelo riso, choro e a reflexão.

Tocantins
No Tocantins, grupos de teatros de Norte a Sul do Estado improvisam palcos, cenas e equipes, independente de apoio do poder público, para mostrar que aqui também se produz arte de qualidade. Apesar da paixão pelo teatro ser unânime entre os grupos locais, o sentimento de insatisfação também é único. A insatisfação dos artistas regionais com o descaso do poder público em relação ao teatro é um dos pontos selecionados pela atriz e representante do grupo teatral A Barraca, Magna Sílvia. Para ela, a falta de apoio ao teatro no Tocantins é gritante. "O Dia Internacional do Teatro não é algo para se comemorar no estado e sim para refletir", observa Magna. Apesar do descontentamento, a atriz conta ainda que o teatro é a arte da mudança e exerce uma função social, como a reorganização de conceitos. A atriz aproveita a ocasião também para divulgar as ações da A Barraca neste semestre. "Vamos lançar no mês de julho a peça Seu Quirino 11", diz.



Dificuldades


Quem compartilha da opinião de Magna é o ator e representante do grupo Sorria Meu Bem, Thomas Batista, afirmando que, no seu ponto de vista, o teatro no Tocantins está parado. O grupo atua nas cidades de Palmas e Gurupi e garante que a falta de apoio envolve todo o Estado. "Falta recurso público, o poder público não dá conta sozinho", conta Thomas. Para ele, o ponto positivo do teatro tocantinense é a sua profissionalização, promovida por universidades e instituições que oferecem educação a distância e aulas sobre teatro e performance artística.
Apesar da falta de apoio do poder público local, os grupos têm se mobilizado em ações próprias, como adianta Thomas, que irá promover no município de Gurupi, de 5 a 9 de outubro, o Festival de Teatro do Tocantins. "Participarão do evento um grupo de cada estado integrante da região da Amazônia Legal", explica.



Positivo

Já para o diretor da Cia de arte Chama Viva, Cícero Belém, hoje existem novas possibilidades de formação teatral, realizada por instituições de ensino e fomento às artes. Segundo ele, vários editais do Governo Federal e Prefeituras já incentivaram montagens de espetáculos e o surgimento de novos talentos. "No entanto, a sustentabilidade dos grupos é algo difícil e se deve em grande parte à capacidade de gestão e organização própria", ressalta. Para ele, o curso de Artes da Universidade Federal do Tocantins (UFT) e o curso de teatro a distância da Universidade de Brasília (UNB) trouxeram a Palmas contribuições importantes ao panorama teatral do Estado do Tocantins. "Muitos artistas do estado estudam nessas universidades", diz.


Reflexão


Momento de reflexão é o que propõe o grupo teatral Art' Sacra com a apresentação da Paixão de Cristo, intitulada Palmas aos Pés da Cruz. A 9ª edição do espetáculo será apresentada dia 22 de abril às 20h30 na Praça dos Girassóis. O espetáculo, montado ao ar livre, busca levar as pessoas a entender o amor de Jesus Cristo pelo seu sacrifício na cruz e sua ressurreição ao terceiro dia. O evento tem o objetivo de transmitir uma mensagem de amor e salvação ao público.



Araguaína
No Norte do Estado, um dos grupos de maior tradição é o Ciganus com 24 anos de estrada e 22 integrantes. O grupo tem circulada por 30 municípios no Tocantins e municípios circuvizinhos com a peça Frei Mulambo. Muitos outros trabalhos foram encenados, incluindo, além de peças teatrais, dança, teatro de bonecos e performances com poemas de autores regionais e nacionais. Uma outra peça de grande repercussão do grupo é A Maravilhosa Estória do Sapo Tarô-Bequê, do escritor amazonense Márcio Souza. Para a atriz Edna Rocha, que está no Ciganus desde a criação, o incentivo do Estado para a cultura deixa a desejar. "No ano passado, o Estado não cumpriu com editais de concursos feitos pela Fundação Cultural, onde nosso grupo chegou a ganhar alguns para participar de eventos culturais em todo Estado, mas no fim do processo, como não foram feitos os devidos pagamentos os trabalhos não foram executados", desabafou.



Incentivo

Já o grupo de teatro Inovação Artistíca, também de Araguaína, foi formado há três anos. Segundo Welinton Martins de Sousa, um dos integrantes, o grupo já contou com 20 pessoas, mas com a falta de incentivo da sociedade e do Estado, alguns acabaram desistindo do sonho. Hoje, o grupo conta com 15 integrantes e mais de dez peças teatrais no currículo. Ainda conforme Welinton, os objetivos do grupo Inovação Artistíca não se limita somente em apresentar peças, mas sim, em qualificar os atores, além do desenvolvimento pessoal. O grupo é bastante envolvido com peças biblícas e a Via Sacra no município.



Gurupi


Com apenas um ano de atuação em Gurupi e na região, a Companhia Segundo Ato fala dos projetos, atuações e das dificuldades do grupo formado por seis atores para se manter no meio artístico. O diretor do grupo, Vinícius Martins, que já foi integrante da Cia Sorria Meu Bem, afirma que o grupo vem se destacando com o teatro educativo, mas a falta de incentivo financeiro por parte do poder público municipal é um dos grandes desafios da classe. "Criamos o grupo com o objetivo de levar a arte como forma de educar, unindo o entretenimento e o conhecimento para atrair o público, mas enfrentamos muitas dificuldades. Já criamos vários projetos que foram encaminhados ao poder público municipal, com pedido de incentivo e apoio, mas a resposta é sempre a mesma: não temos verba. Sabemos que isso não é verdade, mas assim vamos convivendo com o descaso", frisou.



Projetos

Ainda de acordo com Martins, o grupo atualmente atua na produção de esquetes, entre elas, As Aventuras de Zecão e Pereba, Do Boi se Aproveita até o berro, dentre outras temáticas. "A gente não tem incentivo do poder público, mesmo a gente fazendo um trabalho educativo nas escolas públicas do município, com temáticas que envolvem meio ambiente, questões voltadas a saúde, entre outros temas da atualidade e de interesse da sociedade", frisa, afirmando ainda que o teatro tem o poder de mudar as pessoas. "Pena que não temos este incentivo, porque acreditamos na mudança e no desenvolvimento através do teatro e da arte", avaliou.



Conselho


E para comprovar a realidade da situação do teatro no Sul do Estado, o produtor e escritor teatral, diretor do Grupo Teatral Amazonas (Grutama), Eliosmar Veloso, fala sobre a situação da classe em Gurupi. "Há mais de três anos o Conselho municipal de Cultura está desativado e não se vê esforço para reativá-lo. Além disso, o município ainda não está inserido no Sistema Nacional de Cultura, do Ministério da Cultura, o que agilizaria a captação de recursos para políticas públicas culturais em Gurupi", frisou, afirmando ainda que não existe um calendário permanente   de eventos culturais. "Lutamos pela criação da Secretaria Municipal de Cultura para vê se melhorava alguma coisa, mas apenas piorou porque a cultura gurupiense no modo geral está abandonada", finalizou.

Data
O Dia Internacional do Teatro surgiu na capital Austríaca, Viena, durante o 9° Congresso do Instituto Internacional de Teatro, órgão da Unesco. A data, 27 de março, assinala a inauguração das temporadas internacionais no Teatro das Nações, em Paris, iniciadas em 1954 e cujo 1° Festival Internacional foi realizado em 1957.

Fonte: www.arte.com.

Fonte: Jornal do Tocantins em 27.03.2011

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